quinta-feira, 4 de junho de 2009

O Papagaio bem ensinado


Era uma vez um papagaio muito bem ensinado que vivia com um merceeiro.
Num dia de sol, enquanto o merceeiro estava no armazém, entrou um cliente que, por brincadeira, ensinou o papagaio a dizer: “Está tudo podre!” O papagaio ficou com aquelas palavras na ponta da língua e sempre que aparecia um freguês ele avisava, dizendo: “Está tudo podre!” Os clientes ficavam desconfiados, pensando que as frutas estavam podres, e iam-se embora sem comprar nada.
Farto de perder clientes, o merceeiro ofereceu o papagaio a um barbeiro. Infelizmente para o barbeiro, o cliente que ensinou o passaroco a proferir aquelas palavras também frequentava a barbearia e ensinou-o a dizer: “Corta-lhe a orelha!”
A partir daí, o papagaio, sempre que um freguês se sentava na cadeira para ser barbeado, pedia:
- Corta-lhe a orelha!
As pessoas ficavam assustadas e iam-se embora.
O barbeiro, zangado, pegou no papagaio e atirou-o pela janela. Como ele não estava habituado à liberdade, voltou três vezes seguidas. O barbeiro, farto da sua teimosia, foi buscar uma caçadeira e deu três tiros para o ar, gritando:
- Rua! Rua!
O papagaio, assustado, voou feliz até não poder mais. Foi então que viu um armazém abandonado e decidiu descansar. Entrou e adormeceu.
Ao anoitecer, acordou sobressaltado com o barulho de dois bandos de contrabandistas. Aproximou-se, viu-os fazer as suas trocas e baldrocas, e disse:
- Está tudo podre!
O chefe de um dos bandos perguntou quem tinha dito que estava tudo podre. Em vez de ter uma resposta, ouviu:
- Corta-lhe a orelha!
Armou-se uma grande zaragata e os dois bandos começaram a lutar. O papagaio, entusiasmado, começou a imitar os tiros da caçadeira.
Cheios de medo, os contrabandistas, pensando que era a polícia, saíram a correr deixando tudo para trás.
Por uma vez, o papagaio acertou nas palavras.

Olga e Onésimo, 5.ºJ

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