Era uma vez uma mulher chamada Vera Zorina que vivia num país onde era proibido sonhar.
Certo dia, quando estava pensando na sua triste vida, começou, sem querer, a sonhar… viajou pelo mundo e sentiu-se feliz.
Quando acordou, foi até à porta, ver a animação da praça, partilhar as aventuras do seu sonho com as pessoas. Encontrou a sua vizinha que lhe disse:
- É muito triste viver neste país! Porque será que não se pode sonhar?
- Não sei. Mas é de facto muito triste viver num país com espiões por todo o lado. Quem pagará estes espiões? - perguntou a Vera Zorina.
- O rei! - exclamou a senhora.”
Esta conversa foi interrompida pela filha da senhora, que a chamava para o jantar. Vera Zorina ficou intrigada com a sua afirmação, mas, sem medo, regressou a casa, sentou-se no sofá e sonhou novamente.
Porém o seu sonho foi curto… Apenas tinha começado a sua viagem, que esta foi brutalmente interrompida pela bofetada de um espião, que agarrou nela e a levou para uma masmorra do Castelo do rei.
Mas de nada serviu… a Vera Zorina continuava a sonhar.
O rei, furioso, fazia de tudo para conseguir que ela parasse de sonhar, mas ela não era capaz.
Já desesperado, decidiu deixá-la na masmorra sem luz, sem comida e sem água. Mas nada… Ela continuava.
A pedido do rei, um dos seus serviçais cientistas conseguiu inventar uma máquina que tinha como capacidade tirar os sonhos às pessoas.
Esperançoso, o rei ordenou imediatamente que fosse tirada à Vera Zorina a possibilidade de sonhar.
Porém, para espanto de todos, a máquina não funcionava com a Vera Zorina. Desiludido e já sem ideias, o rei desistiu. Foi então que a Vera Zorina foi ter com ele e lhe perguntou:
- Porquê? Por que é que o senhor não nos deixa sonhar?
O rei só respondeu:
- Não! Porque não!
- Enquanto não me disser por é que não nos deixa sonhar, eu não vou parar de sonhar. - afirmou a Vera Zorina.
- Está bem eu digo! – disse então o rei .- Há muito, muito tempo, uma velha bruxa veio a minha casa e pediu-me de comer. Como, nessa altura, eu era muito egoísta ,não lhe dei nada. Então, a bruxa ficou furiosa e fez um feitiço a todo o meu reino: se as pessoas sonhassem muito o reino desapareceria.
Finalmente, a Vera Zorina entendeu as razões das perseguições e desta proibição. Ficou muito triste e prometeu que ela mesma iria ter com a bruxa e fazer tudo para quebrar esse feitiço.
Decidida, no dia seguinte, partiu para as montanhas à sua procura.
Escalou a montanha com muitas dificuldades. De facto, foram muitas as vezes que escorregou, mas nunca desistiu.
Passados três dias, a Vera Zorina chegou finalmente ao topo da montanha mais alta, onde vivia a bruxa. Não foi preciso procurá-la, pois a bruxa sentiu logo a sua presença e foi ter com ela.
- Como te atreves a vir até aqui!!! Não tens amor à vida?
- Tenho amor à vida… mas viver num país sem sonhar é muito triste. - disse a Vera Zorina.
- Devias falar com o teu rei. Ele é que é o culpado de toda essa história. - respondeu a bruxa.
- Em nome do rei e do seu povo, suplico-te que desfaças este feitiço.
- Mas como poderia eu fazer? Que me seria dado em troca? – perguntou ela.
- Fecha os olhos, pensa com o coração e sonha também tu. Verás o quanto é bom sonhar e o quanto te faz sentir bem. – respondeu a Vera Zorina.
A bruxa fechou então os olhos… a pouco e pouco a sua cara antipática foi deixando aparecer um sorriso de bem-estar. Assim esteve durante algum tempo.
Quando abriu os olhos, parecia outra… Já não era a bruxa malvada que todos odiavam.
- Agora entendo a importância dos sonhos. Regressa à cidade descansada, pois vou já retirar o feitiço que fiz há anos. Contudo, tens de prometer que a partir de hoje, poderei descer à cidade, sem ser perseguida nem maltratada. – disse a bruxa.
_ Aqui fica a promessa. – afirmou a Vera Zorina.
E assim foi… desde esse dia, toda a gente passou a poder sonhar sem medo e a presença da bruxa na cidade passou a ser vista com agrado.
Onésimo Silveira – 6.ºJ